O Brasil tem suas raízes profundamente ligadas à agricultura, que, desde o início, alavancou o desenvolvimento do país. Hoje, somos referência mundial na produção e exportação de cereais, citros e diversas outras fontes de alimento e energia. E, no início desse processo, o que impulsionou o surgimento de redes ferroviárias, fomentou movimentos culturais, atraiu imigrantes e contribuiu para o surgimento de novas cidades foi a cultura do café.
Atualmente, o Brasil é o maior exportador mundial de café, com um recorde de 47,3 milhões de sacas na safra 2023/24, representando um aumento de 32,7% em relação à safra anterior. Esse desempenho também se reflete na receita cambial, que atingiu US$ 9,8 bilhões, a maior da história das exportações brasileiras de café. Além disso, o Brasil se destaca como o maior produtor de café arábica (Coffea arabica), uma cultivar de alto valor agregado e reconhecida por sua qualidade superior. Este tipo de café é atualmente o mais procurado no mercado, atendendo desde bares e lanchonetes simples até os restaurantes mais sofisticados ao redor do mundo.
O popular “cafezinho” está presente em todos os níveis sociais, e sua demanda não para de crescer. Entretanto, poucos países têm o privilégio de cultivar essa lavoura e gerar renda a partir dela. O consumo de café continua se expandindo e conquistando novas regiões ao redor do mundo. Diante do atual cenário de preços e da demanda em expansão para o futuro, o Brasil tem investido constantemente na produção de café. Esses investimentos incluem o estudo de novas variedades, o fortalecimento dos cafés especiais para agregar valor e o incentivo à conservação ambiental.
Entretanto, com a expansão da cultura cafeeira, surgem novos desafios no manejo das lavouras. Entre eles, destacam-se as doenças e o aumento de pragas amplamente conhecidas pelos produtores brasileiros, como a broca-do-café, as cigarrinhas, os ácaros e o bicho-mineiro-do-café. Este último, em especial, está cada vez mais presente nas lavouras de café arábica em todo o país, demandando estratégias de manejo e controle cada vez mais eficazes.
O bicho-mineiro-do-cafeeiro (Leucoptera coffeella) é atualmente a praga mais importante economicamente para os produtores brasileiros, afetando diversas regiões de cultivo de café arábica. Sua origem remonta ao continente africano, sendo introduzido no Brasil em 1851, por meio de mudas de café provenientes das Antilhas e da Ilha de Bourbon.
A praga tem maior incidência em regiões de clima quente, seco e com alta insolação, especialmente em áreas de altitude elevada. Essas áreas, que oferecem melhor produção e qualidade de bebida, favorecem o bicho-mineiro devido à menor umidade, maior exposição ao vento e ao relevo montanhoso, o que também dificulta o manejo. No Brasil, a pressão da praga é maior entre maio e julho, durante o veranico, e em outubro, devido às altas temperaturas e ao histórico de seca nas últimas safras, com picos também em março e abril. O controle natural da praga é favorecido pelas chuvas e pela alta umidade relativa.
O adulto do bicho-mineiro possui 6,5 mm de envergadura e asas branco-prateadas. A fêmea deposita cerca de 7 ovos nas folhas, e as lagartas eclodem entre 5 e 21 dias, entrando nas folhas e formando as minas, de onde vem o nome popular. O estágio larval dura de 9 a 40 dias, seguido pelo período de pupa de 5 a 26 dias. Os adultos vivem cerca de 15 dias. Os danos são encontrados principalmente nas folhas do terço médio ao superior da planta, áreas de maior insolação e menor umidade.
Os danos das minas reduzem a capacidade fotossintética, podendo levar à desfolha e perda significativa de produção. Pesquisas indicam que o nível de controle ideal é quando a área foliar lesionada está entre 26% e 36%. Acima desse valor, já há prejuízo econômico. Como cada folha de café está diretamente relacionada à produção de frutos, uma infestação severa pode causar grandes perdas e exigir um longo período de recuperação.
Existem diversos métodos de controle para o bicho-mineiro do café, incluindo manejos culturais, químicos, biológicos e o uso de resistência genética. O manejo cultural mais utilizado é a eliminação das folhas pós-colheita, que servem como local de reprodução para a praga. A resistência genética é aplicada por meio de cultivares como a Siriema AS1 (de frutos amarelos) e a clonal Siriema VC-4 (de frutos vermelhos). O manejo químico ainda é o mais utilizado para o controle da praga, e a Syngenta, parceira estratégica da Dinac, possui um portfólio robusto para o manejo do bicho-mineiro, adaptado a diferentes épocas e situações.
Entre os produtos destacados para pulverizações foliares estão o Curyom, um inseticida de referência que atua de maneira eficiente e auxilia no manejo de resistência da praga, e o Joiner, um lançamento composto pela tecnologia PLINAZOLIN®, que oferece alta aderência às folhas, baixa lavagem pela chuva e resistência à degradação por raios ultravioleta, garantindo um longo período de controle.
Além disso, a aplicação via solo (ou drench) é uma opção de manejo químico de alta performance, prática e eficaz para proteger a planta contra pragas e doenças. O ingrediente ativo tiametoxam, desenvolvido pela Syngenta, é referência nesse manejo, com excelente controle do bicho-mineiro, cigarrinha e broca-do-café. Actara, com base em tiametoxam, apresenta amplo espectro de controle; Verdadero combina inseticida e fungicida para controle eficiente de pragas e ferrugem; já Durivo une tiametoxam ao clorantraniliprole, ampliando o espectro de ação e reforçando o manejo antirresistência.
O manejo eficiente do bicho-mineiro é um desafio constante para os produtores, mas, com o avanço das tecnologias, a integração de estratégias sustentáveis e o uso de soluções eficazes, é possível minimizar os impactos dessa praga. Mais do que proteger as lavouras, essas práticas garantem a rentabilidade e a continuidade de uma das culturas mais simbólicas do Brasil.
Ao investir no controle assertivo e na preservação da saúde do cafeeiro, os produtores não apenas asseguram colheitas de qualidade, mas também fortalecem o papel do Brasil como líder global na produção de café arábica. Com conhecimento, dedicação e inovação, seguimos escrevendo a história desse grão, que impulsiona a economia e conecta culturas ao redor do mundo.
Autoria do Gerador de Demanda, Matheus Mazetto e revisão da Gerente de Geração de Demanda, Vanessa de Oliveira.
TODAS AS DEMAIS PRÁTICAS AGRONÔMICAS RECOMENDADAS PARA OS CULTIVOS DEVEM SER OBSERVADAS, PARA BUSCAR O POTENCIAL PRODUTIVO DAS CULTURAS. CONSULTE SEMPRE UM ENGENHEIRO AGRÔNOMO.
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